O meu espírito entristece
só de que possa entristecer.
E por assim se não esquece
que é em si mesmo alvorecer.
O que me dói está em mim.
E me é sensível o do outro,
sem me tanger, e às vezes, sim,
o mais central e fosso ponto.
Ah, deixa estar que tudo cura!
Não vive muito, pouco ou mais
que necessário, o que dura
no tempo em ter ou não ter paz.
Tudo suave se embrutece
e tudo bruto suaviza.
E tudo mais logo se esquece,
posto que o tempo nem enraíza.
Não ficam tanto as coisas mil
em mim, que tanto vou ficar,
e quanto possa, senhoril,
de tudo efêmero a passar.
Dou-me ao outro que virá
e nem de mim serei lembrado,
mas serei eu quem passará
de mim a mim mais bem talhado.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
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