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sábado, 1 de agosto de 2009

EGO EM CONSTRUÇÃO

I
Sou o que sou... E ponto e vírgula.
Sou o que posso e estou em construção.
Do que em mim se desenvolveu e é factível,
quanto é meu, quanto é do outro,
que peso tem humano e que peso tem divino,
não logro ver depois da vírgula,
não logro ver depois do ponto.
O quanto estanco de agora para depois
é coisa outra que não sei nem devo saber,
é outra coisa que não sei nem posso saber.
O quanto aflige e o quanto consola
não sei, mas de fato um pouco isto
e de fato um pouco aquilo.
O que resultaria se de outro modo
não sei, mas finalmente um pouco me percebo.
Do que antevejo e pressinto nada é certo,
exceto que vou morrer e já morro vivendo.
Sou o rascunho de um rascunho
de algo definitivo a se formar.
O que definitivamente acaba em rascunho
é o espaço de tempo em que vou viver.
O que depois me tornarei, deixo-o
em mim, tanto quanto lembro do sono,
que é longo e é partido.
Do qual nada subsiste definitivo, sempre que acordo.
E nem depois que o concilio.
E sempre fico alheio.
II
Rápida vida de um momento,
rápido momento de uma vida!...
Não sei se neste ou naquela me ponho,
quando assim doidamente
me ponho a perscrutar.
Sei que equivoco no que equivocam.
Não sei o que fica, passa e vale,
quanto faz o momento na vida
e quanta vida no momento...
Não jogo com palavras:
Há embaraço e cegueira deveras,
sutilezas que não alcanço,
luz que retarda e está no túnel,
que sigo sem vislumbrar
ou vislumbro e não sigo.
Ou sigo e não alcanço.
Perco-me na cadeia de convenções,
e mal percebo que tudo é ligeiro.
E não vejo e não toco o fundo,
que insisto em tocar,
que não me acolhe.
Volto para bordo sem ir ao fundo,
meio tonto a divagar...
III
Depois de amanhecer e anoitecer
vezes que não são muitas ou poucas,
impressões pouco nítidas ficam.
Não tenho nitidez se uso vendas
e não as tira o dia
e a noite as faz perdurar.
Toda escuridão não é reflexa
senão de mim na noite
e no dia em eclipse.
Dia e noite- um não outro.
Eu e vida- atraente e atraída.
Com encontro e desencontro,
com interseção e transição
para uma fusão que nunca é...
Com estórias para contar
e acolher num silêncio de absorção...
A noite amanhece,
o dia anoitece.
Um se troca no outro sem desespero
e é em mim que age o bálsamo!

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