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segunda-feira, 9 de julho de 2012

DESARMONIA



Nas paisagens fotografo visagens,
coisas frias, tristes e esmaecidas.
Projeto pelas retinas as imagens
que tenho da vida e que faço:
são pinturas amarelecidas
em antigos riscos e novos traços,
titubeantes como os passos.
Espalho uma paisagem que não é,
que os meus olhos e obras fazem.
Coisas concebo, em tudo nada fé.
Tristeza, dor e doença subjazem.
Paisagens- tocadas por frio que sinto-
salvo as que faço, são livres de doenças. 
Eu... (indiferente a elas- silenciosas)
centrado em mim, careço e grito.
Insisto em caras pertenças,
diante de belezas graciosas.
Eu com cicatriz e triste, sim,
as desvirtuo, firo e desboto.
Pinto-as com o que se descolore em mim
e com o que opaco e pesado me faz,
provocando um sentimento de antipaz.
Falseio coisas na minha mente embolorada
e na minha alma enjoada e agitada.
Eu com venenos no sangue e sem quietude.
Demente, desvirtuo a mim e a própria virtude.
Mas a Natureza, de ciclo em ciclo, e dia após dia,
me cura. E a si e a mim transmuda.
Com e à revelia da minha ajuda
é que se me impõe uma tarda harmonia.

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