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domingo, 15 de julho de 2012

A DOR PINTADA PELO POETA (A FERNANDO PESSOA)



Escrevo de pessoa pra pessoa,
Numa escrita que pinta uma dor,
Alguma dor torcida, que ressoa
De mim e doutro peito, sem ardor.
Signos duvidosos, coisa à toa,
Brinquedo ou coisa séria, num lavor,
Cujo sentido esvai e sim destoa
Do sentido que é meu e do leitor.                                                                              
Pinto dores comuns, que são pensadas.
Mas depois de senti-las realmente.
São signos, palavras desenhadas
Em que desenho dores facetadas,
Agitando um estado só dormente,
Onde há vívidas dores espelhadas.

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