Nada ora vislumbro em mim
neste ostracismo velho
e espontâneo.
Não fosse o orvalho
vacilante e errante,
notaria ora eu
vida em mim?
Respiração,
suspiro,
pulsação.
Vida que guardo,
lida que espera,
vida que aguarda.
Inadvertido,
tudo olvida em mim.
O sol do meio-dia,
obsequioso e interrupto,
transmuda-me no novo
e leva de volta ao antigo.
Ouço a cigarra no angico,
Sinto o calor da estação.
Serial e ermo,
vejo-me tubo ou êmbolo
separando e instilando
tudo em mim.
Sempre errante, tropeço
na linha da pipa,
na linha do pensamento.
Perco-me
num influxo/refluxo sísmico,
como sorte extravagante
ou imanente.
Sem remédio.
Ou como remédio.
Mas sinto esperança
incorrigivelmente... e sossego
sobre esta hora itinerante,
sempre a soar...
Uma cegueira invencível e nefasta
cose os meus olhos,
cindindo irremediavelmente
natureza e eu.
Eu, impuro e cindido introspectivamente.
Eu quisera tanto uma vez.
Ainda agora tenho querido
rimar poesia.
Ou talvez quisera em suma
uma vez p’ra sempre
a poesia e a musa.
Trato-as bem,
rodeio e não vêm.
Obsessivamente sempre
uma coisa e outra.
Trilhar requer estrada.
Não tendo-a, recolho-me.
No vôo da pipa
revôo meu espírito.
Sem trégua, o pensamento
revoa em mim,
sondando, buscando
um sonho de integração.
Irrefletidamente,
sem ter gosto,
dor ou vontade
ou óbices,
insiro-me ou fico
sonolento
no dia novo.
Uma pipa vacila, empinada,
mediando céu e terra
-apogeu e precipício-
Uma chuva inicia, lavando...
Preso eu no zodíaco
oracular de uma vida cifrada.
domingo, 2 de agosto de 2009
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