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segunda-feira, 9 de julho de 2012

VIDA E MIRAGEM



O tempo todo eu, um tanto louco, te esperava.
Tu entravas pela fresta ou por toda porta
(fechada ou aberta). Tu sempre me invadias.
Chispavam teus olhos, reboava tua voz.
Sem pôr meus olhos fora ou ouvidos, via, escutava.
Em miragem, sem fidelidade, sem bater-me à porta,
surpreendentemente distorcida, vinhas e distorcias.
Tua voz na voz do vento era outra voz.
Eu te falava sempre, parecia que ouvias,
te colhia vozes cálidas e olhar cúmplice,
mas nada era plangente ou se revelava.
Tu vinhas de mim para mim, muda e irreal.
Eu te concebia e, assim, outra tu te fazias.
Tu, pura e estéril ainda, e eu, uno e dúplice,
ainda te espero, ensandecido no deserto virtual.



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